Aulas e Materiais


Link com gabarito comentado pelo Curso Objetivo das questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem 2009. Algumas das questões foram trabalhadas em sala através de um simulado, realizado no dia 29/10 na aula de Língua Portuguesa do professor Cesar Nami na 3ªA

Trabalho de Português - 3ª A

MODELO - PROFº CESAR NAMI


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
QUESTÕES OBJETIVAS
Universidades estaduais

FUVEST 2007
74 Procura da Poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
(...)
Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.
No contexto do livro, a afirmação do caráter verbal da poesia e a incitação a que se penetre “no reino das
palavras”, presentes no excerto, indicam que, para o poeta de A rosa do povo,

a) praticar a arte pela arte é a maneira mais eficaz de se opor ao mundo capitalista.
b) a procura da boa poesia começa pela estrita observância da variedade padrão da linguagem.
c) fazer poesia é produzir enigmas verbais que não podem nem devem ser interpretados.
d) as intenções sociais da poesia não a dispensam de ter em conta o que é próprio da linguagem.
e) os poemas metalingüísticos, nos quais a poesia fala apenas de si mesma, são superiores aos poemas que falam também de outros assuntos


GABARITO: D

Universidades federais




Universidades particulares

PUCRS – INVERNO 2008
INSTRUÇÃO: Para responder às questões 37 e 38, ler o poema de Carlos Drummond de Andrade que segue.
A flor e a náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucina-
[ções e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas
[sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
[...]
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do
[tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas
[da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-
[se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar,
[galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o
[nojo e o ódio.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 38, assinalar com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmativas abaixo, sobre a flor que “nasceu na rua”:
No poema, a flor nascida no asfalto
(  ) simboliza a resistência à coisificação do homem nas grandes cidades, regidas pelo ritmo dos “negócios”.
(  ) irrompe com uma força inusitada, substituindo o tédio e a náusea pela esperança.
(  ) não consegue reverter o sentimento de tédio e de ódio que toma conta do eu-lírico do poema.
(  ) é apenas uma imagem para ressaltar que nada pode modificar o cenário desumano da cidade.
(  ) passa despercebida de muitos na rotina da cidade, embora o inusitado do seu nascimento.

38) O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é:

A) V – F – V – V – F
B) F – F – V – V – V
C) V – F – V – F – F
D) V – V – F – F – V
E) V – F – F – V – V

GABARITO: D


QUESTÕES DISSERTATIVAS

Universidades estaduais

FUVEST 2007
Q.08 A flor e a náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
(...)
Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.

a) Em A rosa do povo, o poeta se declara anticapitalista. Nos três primeiros versos do excerto, esse anticapitalismo se manifesta? Justifique sucintamente sua resposta.
b) De acordo com os dois últimos versos do excerto, como se manifesta, no campo da linguagem, o impasse de que fala o poeta? Explique resumidamente.

RESOLUÇÃO (Curso ETAPA)
a)    Sim, pois fica implícita a crítica ao mundo capitalista, que reifica os homens, aprisionando-os às coisas                                                                (“Preso à minha classe e a algumas roupas”), e no qual as mercadorias ganham vida (“mercadorias espreitam-me”), em um claro processo de desumanização da vida.
b) O impasse possui várias dimensões (existencial, político, comunicacional). A comunicação se torna difícil, pois as palavras são polissêmicas, adquirindo novos e insuspeitados significados, o que pode levar a dúvidas, receios, etc., no momento da interação entre as pessoas pela linguagem: “Sob a pele das palavras há cifras e códigos.”.

Universidades federais

UFBA / UFRB – 2007 – 2a fase – Português
Questão 01 (Valor: 20 pontos)
FRAGILIDADE
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial – inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam aves, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.

ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Carlos Drummond de Andrade:
obra completa: poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 154-155.

Na seleção dos signos verbais, o sujeito poético cria metáforas estabelecendo analogias
entre elementos distintos. Na linguagem de Drummond, “isso é aquilo”.
Identifique e transcreva uma das analogias referidas, explicando-a com base no contexto
do poema.


RESOLUÇÃO:
Espera-se que o candidato identifique uma das metáforas “verso” e “arabesco”, “rosto” e “espelho”, “cristal”. Em seguida deverá atribuir sentidos como: poesia e realidade, linguagem poética e essência da poesia, fragilidade do homem, do verso, da palavra em face da captação da essência das coisas.



Universidades particulares